Os Monges

Os Monges

sábado, 9 de outubro de 2010

Sinopse

Num mosteiro, um grupo de monges monta um sarau para discutir temas variados. Nesta edição, o tema desenvolvido é o processo de criação artística, e para isto são interpretados trechos das obras de Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos, Federico Garcia Lorca, Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda, Florbela Spanca etc. Os poemas são encenados e como pano de fundo pretende-se fazer uma ligação entre o sagrado e o profano.

Os poemas de Garcia Lorca e duas partes de Balada para um Loco, de Astor Piazzola e Horacio Ferrer são recitados em espanhol, tanto para que os poemas não percam a sua beleza original como para que eventualmente suscitem o interesse do público por esta língua tão melódica e poética.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Peça


OS MONGES EM NOITE DE SARAU é um espetáculo um pouco lírico e um pouco épico, ambientado em um mosteiro onde os monges montam um sarau para discutir temas de interesse geral. Nesta primeira edição o tema desenvolvido é como se dá o processo de criação artística. Os textos interpretados nesta edição são trechos das obras de Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos, Federico Garcia Lorca, Gabriel Garcia Márquez , Pablo Neruda, Ferreira Gullar, Florbela Spanca, Anna Akhmotóva e também um poema de Nara Janusz, que dirige e também atua no espetáculo. Entre as cenas acontecem números de dança como o tango, a dança cigana e a dança do ventre. Há também a intervenção musical em muitas partes; uma trilha foi criada pelo músico e tecladista Fábio Luís para servir como pano de fundo do texto falado.

O início do espetáculo, composto pelas cenas A entrada dos monges, O escritor, O poeta e O louco traz através dos textos a reflexão do processo criativo do artista. No entanto, as cenas não são tão conexas e lógicas (por não ser mesmo a proposta) e, apenas no final, na cena da “Apoteose da criação” é que isto se torna bem evidente, com a utilização do Poema Final, de Pablo Neruda.

O principal enredo da peça é a adaptação feita do conto “A incrível e triste história da cândida Erêndira e sua avó desalmada”, de Gabriel Garcia Márquez. É o entremeio onde os personagens se tornam mais claramente construídos e a encenação mais demorada e delineada.









O Grupo









O grupo foi criado em 2008 e há dois anos vem trabalhando neste projeto desde a escolha do tema, do conceito e modo de produção, forma, conteúdo, modo de circulação, textos, cenários, figurinos, adereços, trilha sonora, luz, material gráfico, etc. O grupo já fez sete exercícios públicos que é como são chamadas as suas as apresentações.








Miguel Geraldi

Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela PUCCAMP e aperfeiçou seus estudos na École de Architecture de Grenoble na França. Teve projetos expostos na II Bienal Internacional de Arquitetura no Brasil, assim como na Bienal de Barcelona e La Villette em Paris.

Paralelamente a sua carreira de cantor lírico, na qual constam diversas premiações, como vencedor do V concurso Carlos Gomes de Campinas, II Concurso Aldo Baldin de Florianópolis e III Concurso Internacional de Canto Bidú Sayão, vem se destacando por sua versatilidade em outras áreas de atuação como a Cenografia e a Iluminação de espetáculos.

Seu debut como cenógrafo deu-se na Ópera Bastian und Bastianne, de Mozart, para abertura de matiné de 2006 do Teatro Municipal de São Paulo. Em 2007 participou como Diretor de Arte e Iluminador do espetáculo Mulheres e do II Encontro de Coros Camargo Guarnieri, apresentados também no Municipal.

Nara Janusz

Nara Janusz faz sua estréia na Direção de um espetáculo teatral. É astróloga e terapeuta desde 1986 e 1997, respectivamente. Sua introdução ao teatro aconteceu em 2004 ao fazer um curso livre de teatro na Escola Recriarte, em São Paulo. Em 2005, fez um curso de montagem (Promon) na mesma escola e sob a direção de Péricles Martins, que montou e encenou Gota D’água de Paulo Pontes e Chico Buarque, atuou como atriz no papel de Corina,, adaptou o texto, preparou os layouts de todo o material de divulgação, projeto e captação de recursos. A referida peça esteve em cartaz por dois meses com grande sucesso de público e recebeu o segundo prêmio no Festival de Teatro Amador, no Clube de Regatas Tietê. A peça também recebeu o prêmio de melhor atriz e ator revelação, entre outros. Em 2006, sob a mesma direção, no mesmo Promon, fez o jornalista Amado, de O beijo no asfalto, (Nelson Rodrigues) na peça intitulada Nelson ao Avesso, também trabalhando na Produção, no cenário e na arte final do material de divulgação.

Em 2007, com graves problemas de saúde que a impediam de caminhar que vinham se agravando nos últimos anos, quase desistiu de participar da terceira montagem do mesmo curso. Só não o fez por incentivo do diretor Péricles Martins, que lhe prometeu exigir-lhe o mínimo. Participou da peça Ópera do Malandro, de Chico Buarque, preparando novamente todo o material de divulgação e representando o produtor que introduz a peça, uma juíza e o assassino do malandro. Ao fechar esta temporada no Teatro Frei Caneca, lotado, com aproximadamente 500 pessoas, soube que este era o seu novo caminho.

Em 2008, iniciou com quatro colegas a Korponania de Teatro e o Grupo Os Monges, começando com reuniões semanais em casa para discussão do projeto de levar ao público obras de autores de origem latina. Neste ínterim sua doença foi finalmente diagnosticada e sofreu uma cirurgia que lhe devolveu a capacidade de movimentar-se livremente, coisa que há vários anos já não conseguia fazer.

Depois de um rápido período de recuperação, assumiu a direção do grupo além de atriz tem trabalhado na produção, na direção dos atores, na montagem das cenas, na escolha do tema e das poesias escolhidas.

Para ajudá-la nesta árdua tarefa convidou Miguel Geraldi para dividir a direção deste seu primeiro trabalho independente no teatro.

Atualmente faz o Curso de Direção da SP Escola de Teatro

Direção e encenação

A encenação foi processada através de inúmeras improvisações, onde a relação ator/diretor se fez pela ação dialógica à procura das soluções mais expressivas para cada segmento do texto e do corpo. Foi tomando forma e significado por meio de "esboços" sucessivos mobilazando-se as "ações físicas" nela subjacentes. Esse procedimento instaura uma atividade crítica/criativa por parte dos atores. O envolvimento do espectador com o ator desperta, efetivamente, em ambos, o interesse e o prazer pelo teatro. Então, é fundamental voltar às origens do teatro!!! O ator, observando a participação do espectador, conduz o encontro para um forte momento de comunhão sensível entre eles, facilitando-lhes a liberação de suas emoções e criando um espaço de aprofundamento dos seus conhecimentos.

Os atores passaram por diversos estágios durante o processo de montagem: reconhecimento do grupo, aulas de dança, treinamentos físicos e vocais específicos, análise de filmes, fotografias, exposições de arte e pinturas, improvisações constantes, concepção e preenchimento do espaço cênico, criação das indumentárias, sempre valorizando a autonomia, a individualidade, a ética e o profissionalismo.

Os atores dividiram-se em equipes no processo de montagem. Cada grupo ficou responsável por um dos seguintes itens: Cenografia, Indumentária e Adereços, Produção Executiva.

Encenar “Os Monges em Noite de Sarau” é questionar e realçar a importância das artes, aqui em específico a arte cênica introduzindo a poesia e a dança, como fator de provocação para um maior engajamento da sociedade com o mundo artístico.

O processo de montagem não foi um processo fácil, principalmente porque o elenco tem experiências muito diversificadas. As cenas de massa – foram coreografadas.

Até que as marcações estivessem precisas e limpas inúmeros ensaios foram realizados com o objetivo de fazer com que os atores brincassem mais, para que a peça adquirisse uma maior fluidez.

Apropriamo-nos com muita desenvoltura do espaço que o teatro oferece, o que fará com que as cenas estabelesçam um diálogo não agressivo com o público.

A força da libido também está presente nas falas, nas marcações e nas coreografias.

A solução de falar a letra da música e do canto ser coral evita o risco de desafinação, ao mesmo tempo que cria uma outra forma de musicalidade.

O figurino foi preparado de modo que parecesse natural e não correto e novo, o que poderia criar uma artificialidade que queríamos evitar.

A iluminação, bem operada, utiliza-se ora de cores fortes para criar climas e ambientes, ora de uma luz mais suave para as cenas mais lúdicas. Houve uma atenção especial para que as transições fossem feitas com a maior sutileza possível.






Ficha Técnica

Direção: Nara Janusz e Miguel Geraldi

Sonoplastia: Fábio Luís e Márcio Mendes

Cenário, figurino e adereços: Luiz Garcia

ELENCO

Aloísio Araújo

Belmiro Ramos

Denise Macedo

Douglas Bertossi

Flávia Moraris

Joelma Rodrigues

Kako Marques

Lara Mitchel

Léo Silveira

Márcio Roger

Míriam Viana

Nara Janusz

Norberta Valentim

Rebeka de Abreu

Tatiana de Oliveira

Valdemir Rodrigues









Fotografia: Humberto Alexandre